terça-feira, 26 de junho de 2012

Um London eye à Belenenses


Fico quase sem palavras quando me lembro do que se passou no Reino (des)Unido a semana passada. Valores como a compaixão, amizade e solidariedade foram postos em causa por alguém que se  julgava pertencer ao baluarte da decência e honradez. Então não é que pedi a uma amiga minha que vive em Londres, ainda por cima numa das zonas mais afectadas pelos tumultos que fizeram noticia, para me trazer para Portugal um plasma, um ipad e um bom sistema de som e ela não se dignou a fazê-lo? É que não lhe custava nada. Literalmente.
Fiquei a saber das pilhagens e desta guerrilha urbana numa reportagem que deu na t.v. A situação foi tão grave que passado 2 minutos de começar a peça já tinha desaparecido lá em casa o frigorífico, o comando da televisão, o meu avô e o meu gato. Felizmente acabei por encontrar o Pantufa metido na máquina de lavar roupa. Do comando, do frigorífico e do gato é que nunca mais soube nada…
No dia seguinte comprei uma revista porque na capa fazia uma referência aos Motéis de Londres e só depois de ter gasto 3 euros reparei que o assunto da capa e que ocupava a publicação quase toda eram afinal os Motins de Londres. Apesar de achar que se tratava de um tema um pouco parvo para uma reconhecida revista li quase tudo de forma a estar legitimado para tecer umas breves considerações sobre o assunto:
O Big Ben deu lugar ao Bang Bang nas fotografias mais tiradas e o London eye foi  um “olho à Belenenses” na insípida face da cidade de Elisabeth II. Em vez de chá das 5 passou a haver molho a partir das 17 horas e até a mais apelativa das províncias Inglesas foi fustigada, atingindo o Allgarve neste Verão um pico de criminalidade como não há memória.
Não deixa de ser irónico que tudo isto aconteça 15 dias depois de Amy Winehouse ter sido encontrada sem vida no seu apartamento em Londres ou seja não obstante andarem menos drogados e alcoólicos na rua, a criminalidade e vandalismo aumentou exponencialmente.
Sociólogos, psicólogos e enólogos procuraram em vão explicar o fenómeno que leva a que uma manifestação contra a violência da polícia que culminou na morte de um jovem acabe em noites e noites onde essa mesma violência é veementemente praticada. No fundo isto é o mesmo que numa manifestação de homofóbicos, contra a prática da homossexualidade, os manifestantes de sexo masculino acabarem todos a dar umas beijocas sem que ninguém consiga parar os seus intentos durante uma semana.
Mais de 3 mil pessoas já foram detidas, entre elas muitos jovens com idades a partir dos 11 anos. O povo diz que o melhor do mundo são as crianças. Até pode ser verdade mas o melhor do mundo a roubar continua a ser o Vale e Azevedo que passeia por lá e ninguém o apanha. Se calhar se em vez de termos com Inglaterra a mais velha aliança que há memória tivéssemos o mais velho par de algemas da história o desfecho seria outro.
Termino com votos expressos no hino nacional Inglês de que “God save the queen”, e já agora, se não for pedir muito, que salve também o “Rei dos Frangos”, conhecida churrasqueira que fica numa perpendicular a Osford Street e que tem os mais conhecidos frangos de Londres.
São novos, não tem cabeça e nunca saíram da capoeira. Apesar de Deus lhes ter dado asas, a verdade é que nunca conseguiram voar muito alto. Sentem-se fortes quando na companhia de outros da mesma espécie mas é uma ilusão. Não valem nada mas é o que há. Serão facilmente capturados. Se não o forem pela policia, se-lo-ão pela própria vida.
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